Mote: Um mudo disse a um surdo, que um cego tava de olho...

 

Nunca gostei de alface,

Cebola crua e repolho!

Quando estou tomando banho

Gosto de ficar de molho,

Sujeira é um absurdo!

Um mudo disse a um surdo

Que um cego tava de olho!

Um amigo duvidou

Dizendo que eu não faria

Um verso com esse mote,

Que me enviou neste dia!

Disse, que iria fazer!

Fiz, e está aqui pra você,

O mote com a poesia!

E digo mais uma coisa,

Já capei porco roncolho!

Fui menino, brinquei muito,

Tive ferida e piolho!

Que essa vida é um estudo!

Um mudo disse a um surdo

Que um cego tava de olho!

Tirei a chave da vida

Pra olhar pelo o ferrolho!

E acabei não vendo nada,

Ficando um pouco zarolho!

E a vida me deu cascudo!

Um mudo disse a um surdo

Que o cego tava de olho.

(Lalauzinho de Lalau) 

Só eu que sei quem eu sou...

 

Sou como cobra criada

Solta no canavial,

Esperta pra dá o bote

De um jeito bem natural!

O meu instinto é assim,

Do começo ate o fim;

Sou Lalauzinho de Lalau.

Sou como trem carregado

Sem poder sair dos trilhos!

Sou como a pobre cegueira

Querendo enxergar os brilhos,

Do raiá de um novo dia!

Sou família e companhia;

Querendo educar os filhos.

Sou meu repente travesso

Pra todo canto que vou!

Sou a fé que tenho em Cristo,

Cristo está a onde estou!

Desdo tempo de menino

Versejar é meu destino

Só eu que sei quem eu sou.

(Lalauzinho de Lalau)

Mote: Peru calado, ganha um cruzado, peru falando, sai apanhado...

 

Tudo nessa vida passa

Tudo sempre vai passando,

A vida é só um passeio

E a gente é só viajando,

Deus deixando registrado!

Peru calado, ganha um cruzado

Peru falando, sai apanhado.

E eu tenho apanhado tanto

Da carga que eu vou levando!

Nessa longa caminhada

Nenhum pitaco vou dando,

Nesse mundo atrapalhado!

Peru calado, ganha um cruzado

Peru falando, sai apanhando.

(Lalauzinho de Lalau) 

Trava língua...

 

Falo de pedra e pedreira,

Pedreiro, polpa e preguiça!

Folha, folhado e fuleiro,

Língua, lagarto e linguiça!

Livro, leve, luva e lavra,

Palha, palhoça, palavra,

Justo, Justino e justiça.

Frango, frangote, franzino

Capim, caderno, capão!

Capenga, corrupiando,

Fundo, feitiço, fujão! 

Careca, cu, cabeludo;

Teto, tatu, tio, tudo!

Trevo, truvina e trovão.

(Lalauzinho de Lalau)

Meu cordel...

Meu verso é como Flechada

Em qualquer vocabulário!

Sempre tem uma descoberta

Quando eu tiro do armário!

Cada verso fabricado;

É mais um aprendizado

Nesse mundo literário.

Meu verso é só uma vírgula

Da cultura popular!

Ta na prosa e na canção

No forró pra se dançar,

Ta na cor da poesia!

Ta no mundo em sintonia; 

Nas voltas que o mundo dá.

A minha literatura
É feita de terra e céu!
É o meu sertão, minha cor,
Minha casa, meu vergel!
O meu jeito de falar;
Sou cultura popular,
Sou "mei" mundo de cordel.

(Lalauzinho de Lalau)

Significado

Mei - (meio) 

Literário - (relativo a literatura)

Vergel - (terreno que se cultivam árvores) 

Prosa - (expressão natural da linguagem escrita ou falada)

Mote: Seguro morreu de velho, desconfiado ainda é vivo...

 

Tudo que eu faço, observo!

Sou um cara muito ativo,

Eu olho bem pra passar!

Não uso paliativo!

Sigo bem o evangelho!

Seguro morreu de velho,

Desconfiado ainda é vivo!

Quero que a sabedoria

Pise no meu agressivo!

Escuto, falo, observo,

Não vou agir sem motivo!

Como diz no ministério,

Seguro morreu de velho

Desconfiado ainda é vivo.

(Lalauzinho de lalau)

Tem dias...

 

Tem dias que eu acordo
Sem vontade de sorrir!
Passo o dia lunduzeiro,
Pelo os cantos, por ali!
A procura de um sorriso;
Aí recebo um aviso
Que tenho que prosseguir.

Pra continuar vivendo
Aos poucos vou conferindo!
Que temos sonhos diários
Que a vida vem descobrindo!
Não adianta chorar;
Tenho que continuar
Pra poder viver sorrindo.

(Lalauzinho de Lalau)

Faço tanta poesia, que esqueço que sou poeta!

 

Já levei nome doido,

De maluco e de pateta!

De matuto analfabeto,

Ciclista sem bicicleta!

Mas eu digo todo dia

Faço tanta poesia,

Que esqueço que sou poeta!

Sei da idade do mundo,

Mas eu não posso dizer!

Sei que existe falcatrua

Nas manobras do poder,

Nas esferas da nação!

Gente rica na prisão,

Pouca gente, a gente ver!

Ô  mundo cheio de coisas,

De moído e confusão!

Mundo velho em pé de guerra!

Disputa de eleição!

Doente com pandemia! 

Notícias do dia a dia,

Que está na televisão!

Sei do balanço da rede,

Do mundo desmantelado!

Do buraco do tatu

Da carreira do veado!

Do balanço da canoa!

De gente ruim, gente boa!

De tudo eu sei um bocado.

(Lalauzinho de Lalau)

Na vida, no tempo, e na morte...

 

 

Na vida o tempo é quem manda

Do começo ate o fim

Nas trajetórias do tempo

Tudo de bom ou ruim,

Sempre vai acontecer!

E o bom da vida é viver,

Porque na vida é assim.

Quem é que não quer viver

Todo tempo e toda hora!

Sem ter pressa pra morrer,

Há onde o tempo demora,

Sem ter pressa pra passar,

Mas nada não pode parar;

E todo mundo vai embora!

Esse é o ciclo da vida,

Quem nasce tem que morrer!

Está escrito na bíblia

Nós devemos entender

Que Jesus ressuscitou,

Lázaro também acordou,

Mas só Deus que tem o poder!

O poder de ressuscitar

Os mortos que foram embora!

Tudo aqui tem o seu tempo,

Tudo aqui tem a sua hora,

A vida é pra ser vivida;

Mas tem a hora da partida

Quando a vida não vigora.

Infelizmente é assim

Ou felizmente também,

Quem vai pra morada eterna

Onde Cristo diz: amém!

É morar perto do pai;

Todo mundo um dia vai,

Uma vida vai 

E outra vem.

Nascem milhões de criança,

Anjos chegam todo hora,

É lindo o nascer da vida

Quando uma criança chora,

Dizendo que veio ao  mundo;

E outros morrem num segundo

Quando a vida vai embora!

Só Deus, quem sabe explicar

O valor que a vida tem!

Os traços que tem a vida

Deus desenha super bem!

Viva a vida, vida vida;

Minha alma tão querida

Tem mais é que dizer amém.

A vida é pra ser vivida

Com fé, com Deus e com sorte!

Quem sabe falar da vida

Pula cada vez mais forte,

As pedras pelo o caminho;

Deus não quer você sozinho,

Na vida, no tempo, e na morte.

(Lalauzinho de Lalau)

Mote: Passei a noite pensando, quase não deu pra dormir...

 

Meu pensamento viaja
Quando eu pego refletir!
Noites e noites pensando
Será que vou conseguir?
Eita mundo "vei" cigano!
Passei a noite pensando
Quase não deu pra dormir.

Nem mesmo o meu pesadelo
Chegou a me perseguir!
Balancei, cantei pra mim,
Nem sequer adormeci!
Acho que foi um engano;
Passei a noite pensando
Quase não deu pra dormir.

Noites de sono e de sonho
Eu tenho que conseguir!
Rezo, oro, faço prece,
Eu não posso desistir!
Continuarei rezando;
Passei a noite pensando
Quase não deu pra dormir.

(Lalauzinho de Lalau)